Nas últimas décadas, o câncer de intestino, também conhecido como câncer colorretal, passou por uma mudança preocupante no seu perfil epidemiológico. Antes considerado uma doença mais frequente a partir dos 60 anos, ele agora tem sido cada vez mais diagnosticado em pessoas com menos de 50 anos.

De acordo com dados recentes, os casos nessa faixa etária cresceram de forma acelerada em diversos países, inclusive no Brasil. Mas o que está por trás desse aumento? Por que pessoas jovens, muitas vezes sem histórico familiar, estão recebendo esse diagnóstico?

O aumento do câncer colorretal em jovens adultos

Ainda não existe uma única explicação definitiva para esse fenômeno, mas há um conjunto de fatores complementares comportamentais, ambientais e biológico que, juntos, parecem contribuir para esse crescimento: 

  1. Mudanças no estilo de vida moderno

O estilo de vida atual tem sido apontado como um dos principais fatores de risco. Entre os hábitos que favorecem o surgimento do câncer de intestino estão:

  • Dietas ricas em alimentos ultraprocessados, carnes vermelhas e embutidos 
  • Baixo consumo de fibras, frutas e vegetais frescos
  • Sedentarismo
  • Obesidade e ganho de peso progressivo desde a infância
  • Consumo excessivo de álcool e tabagismo

Esses hábitos promovem inflamação crônica, alteram a microbiota intestinal e favorecem o acúmulo de substâncias cancerígenas no cólon.

2. Desregulação da microbiota intestinal 

Estudos apontam que jovens diagnosticados com câncer colorretal frequentemente apresentam um desequilíbrio na flora intestinal. Esse desequilíbrio pode comprometer a integridade da mucosa intestinal e facilitar o desenvolvimento de mutações celulares. 

2. Fatores genéticos e epigenéticos 

Embora o histórico familiar continue sendo um fator relevante, muitos jovens diagnosticados com câncer colorretal não apresentam casos na família. Isso levanta hipóteses sobre alterações epigenéticas – modificações no DNA causadas por fatores ambientais, dieta e exposição a substâncias tóxicas que podem acelerar o desenvolvimento do câncer. 

3. Diagnóstico tardio em pessoas jovens 

Pessoas com menos de 50 anos geralmente não fazem parte da faixa etária recomendada para rastreio com colonoscopia. Por isso, os sintomas iniciais costumam ser negligenciados ou confundidos com problemas menos graves, como hemorroidas, síndrome do intestino irritável ou intolerâncias alimentares.

Isso faz com que muitos casos sejam diagnosticados em estágios mais avançados, reduzindo as chances de cura e exigindo tratamentos mais agressivos.

Atenção aos sinais: quando procurar ajuda?

Os principais sintomas do câncer de intestino incluem:

  • Sangue nas fezes 
  • Mudanças persistentes no hábito intestinal (diarreia ou constipação)
  • Sensação de evacuação incompleta
  • Perda de peso sem causa aparente
  • Fadiga constante 

Como é possível prevenir?

  • Mantenha uma alimentação rica em fibras e pobre em ultraprocessados
  • Pratique atividade física regularmente
  • Não fume e evite o consumo excessivo de álcool
  • Esteja atento ao histórico familiar e converse com seu médico sobre rastreios antecipados, se necessário
  • Observe seu corpo e não normalize sintomas intestinais persistentes 

O aumento dos casos de câncer de intestino em jovens é um alerta para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. A atenção aos sintomas, a adoção de hábitos saudáveis e a busca por orientação médica especializada são os caminhos mais eficazes para combater esse crescimento silencioso.