A endometriose é uma doença inflamatória crônica. Fragmentos do endométrio (tecido que reveste internamente o útero) podem se deslocar para ovário, tubas, peritônio, bexiga, intestino, apêndice, ureter, entre outros órgãos.

Com a chegada da menstruação esse tecido irá crescer e descamar junto com o endométrio que reveste o útero, mesmo estando fora de sua localização original. Assim, ocorrerá um sangramento menstrual no órgão atingido todos os meses. Esse sangramento provoca inflamação local. Com isso, a mulher sente cólicas, dores e desconfortos. Por causa da obstrução das tubas uterinas (entre outras causas), a gravidez pode se tornar difícil na mulher com endometriose.

Uma dúvida muito comum entre as pacientes com endometriose: a retirada do útero é necessária?

Em geral, não. Caso a mulher se submeta ao tratamento adequado, os incômodos podem ser reduzidos, evitando, inclusive, que a paciente tenha sua capacidade fértil comprometida.

O tratamento inclui anti-inflamatórios para alívio da dor e terapia hormonal. O uso de anticoncepcionais reduz os sangramentos e a dor em mais de 80% dos casos.

O tratamento hormonal reduz a dor e o tamanho da endometriose. É recomendado que esse bloqueio dure até 12 meses. Quando a medicação é interrompida a menstruação e a fertilidade voltam ao normal.

Além disso, sabemos que os focos de endometriose podem se instalar em diferentes estruturas do sistema reprodutor (como ovários e trompas) e em diferentes órgãos. Assim, a simples retirada do útero não resolveria o problema.

As reações inflamatórias provocadas pela endometriose são estimuladas pela liberação de estrogênio (hormônio produzido pelos ovários). Por esse motivo, muitas pessoas acreditam que a retirada do útero seria necessária para conter ou reverter a endometriose, mas isso é um equívoco.

Nos casos em que os focos de endometriose se instalam no útero, é necessária uma avaliação médica quanto ao estágio da doença, histórico clínico e objetivos da paciente (aqui o desejo de ser mãe fará toda a diferença).

A cirurgia costuma ser indicada em último caso, quando os medicamentos não surtem efeito ou quando a mulher apresenta sintomas graves ou outros fatores associados ao quadro clínico, como mioma e sangramento. A retirada do útero se faz por meio de um procedimento chamado de histerectomia, que permite a retirada do útero e de outras estruturas associadas, como ovários e trompas, dependendo da gravidade e extensão da doença.