A endometriose é uma doença que acomete cerca de 10 milhões de mulheres no mundo inteiro e caracteriza-se pelo crescimento do tecido endometrial fora da cavidade uterina.

Ela é responsável por sintomas extremamente incômodos, como cólicas, dores abdominais, dores durante ou após o sexo, entre outros.

É comum que exista um enfoque maior nas consequências físicas ocasionadas por essa doença. Entretanto, precisamos considerar que o quadro clínico também acarreta fatores psicológicos e emocionais. Os profissionais de saúde envolvidos no diagnóstico e tratamento de endometriose precisam estar atentos a essa questão.

Estudos recentes indicam que a prevalência de quadros de depressão é maior em pacientes com doenças crônicas, sendo que mais de 80% das mulheres portadoras de endometriose com dores frequentes e regulares haviam desenvolvido um quadro de depressão..

Sabemos que a endometriose não é uma doença fatal. No entanto, ela pode acarretar diversos efeitos psicológicos negativos. Os profissionais de saúde precisam compreender melhor os aspectos emocionais relacionados à doença para que se possa dar uma abordagem mais humanizada ao tratamento.

Outro fator que traz muito desalento para as pacientes, agravando estados emocionais negativos, é a demora no diagnóstico (que pode levar de 7 a 10 anos, em média). Neste período, a mulher sofre julgamentos diversos, tanto por parte de profissionais de saúde, quanto de pessoas próximas.

Diante da dificuldade em descobrir a causa, muitas vezes tenta-se desqualificar as dores e sintomas. Quando isso ocorre, a mulher se sente culpada. Algumas pacientes chegam a crer que não existe doença alguma.

Algumas frases que as mulheres com endometriose costumam ouvir: “Isso é frescura; toda mulher tem cólicas menstruais; esse incômodo é psicológico; é só engravidar que isso passa; sua cólica não é pior que a de outras mulheres”. Soma-se a isso a dificuldade de engravidar que atinge muitas mulheres com endometriose.

Assim, entendemos porque as mulheres com essa doença têm maior incidência de depressão, ansiedade, estresse, baixa autoestima, entre outros transtornos.

Considero essencial que os profissionais de saúde mental estejam atentos às necessidades dessas mulheres. O envolvimento de uma equipe multidisciplinar também pode contribuir.

Tratamento psicológico

A terapia pode ajudar as pacientes a lidarem com os sentimentos e emoções relacionados à doença. Ademais, é importante que os profissionais de saúde estejam atentos às necessidades de saúde mental das pacientes. Muitas vezes, elas podem não relatar os sintomas psicológicos, mas é importante que os profissionais saibam como ajudar e encaminhar essas mulheres para tratamento adequado.

É importante que a endometriose seja tratada de forma abrangente. A saúde mental deve ser encarada como uma prioridade no tratamento dessa doença, pois ela tem grande ligação com o bem-estar das pacientes.