Você sabia que asma e alergia têm relação com o intestino? As bactérias e outros micro-organismos que habitam nosso intestino têm a função de manter a integridade das mucosas e ajudar a controlar as bactérias nocivas à saúde.
Nos últimos anos, muitos estudos científicos têm investigado as relações entre microbiota intestinal e a ocorrência dessas doenças.
Em um desses estudos, cientistas usaram dados da maior unidade de pesquisa em saúde infantil da Austrália, o Barwon Infant Study (BIS), e acompanham, desde 2010, 1.074 bebês e crianças em torno de 1 ano de idade.
Os resultados mostraram que uma microbiota intestinal infantil mais madura (com um ano de idade) estava associada a uma menor probabilidade de desenvolver alergias alimentares e asma na infância. Segundo os cientistas, isso parece ser impulsionado pela composição geral da microbiota intestinal, e não por bactérias específicas.
Em outro estudo, publicado na revista Nature Microbiology, feito com recém-nascidos, pesquisadores americanos descobriram um lipídio bacteriano específico no intestino que promove a disfunção imunológica associada à asma e à alergia. Essa substância pode ser usada para avaliar quais bebês estão em risco de desenvolver a doença.
Ainda que novas pesquisas sejam necessárias para esclarecer melhor esse relação entre microbiota, asma e alergia, já sabemos que uma microbiota saudável e diversificada ajuda a reduzir a ocorrência de doenças.
Interface
Para se ter uma ideia da importância da microbiota intestinal, considere que de 70 a 80% das células de nosso sistema imunológico estão concentradas no intestino. Isso mostra que o sistema digestório não tem apenas uma função de trânsito alimentar, mas também funciona como interface do sistema imunológico.
O processo de formação da microbiota intestinal começa na gestação e vai sendo modificado desde o nascimento. Vários elementos podem interferir, como: tipo de parto, aleitamento materno, uso de fórmulas alimentares, antibióticos, introdução alimentar e tipo de alimentação da família.
Os bebês que nascem de parto normal terão contato mais rápido com essas bactérias do que os que nascem de cesárea. Isso acontece porque o parto vaginal faz o bebê entrar em contato direto com a microbiota materna, enquanto os bebês que nascem de cesárea demoram mais para adquirir essas bactérias.
A diversidade de bactérias aumenta e amadurece à medida que as crianças são expostas a outras crianças, animais e alimentos diferentes, sendo que o padrão da microbiota será estabelecido até os 2 anos de idade.
O cuidado com a microbiota intestinal deve permanecer ao longo da vida, para que se possa evitar a disbiose (desequilíbrio da microbiota, que abre as portas para uma série de doenças). Para isso, é importante evitar o consumo de alimentos industrializados, excesso de carnes vermelhas, bebidas alcoólicas e usar medicamentos, especialmente antibióticos, com moderação e com prescrição médica.