Incontinência fecal ocorre quando não conseguimos controlar a eliminação das fezes. Precisamos falar sobre esse assunto, pois esse é um problema que atrapalha muito a qualidade de vida das pessoas e pode gerar vergonha, isolamento e até depressão.

A nossa capacidade de controlar o momento em que evacuamos está associada a diversos fatores, muitos deles relacionados ao assoalho pélvico, que é formado por músculos e ligamentos que sustentam órgãos como o reto, útero e bexiga.

Quando essa musculatura fica fraca ou é danificada durante alguma cirurgia isso pode levar à incontinência fecal, entre outros problemas.

Lesões que ocorrem durante o parto e em cirurgias anorretais (hemorroidectomia, fístulas, esfincterotomia, radiações pélvicas entre outras) também podem causar danos na musculatura dessa região.

Existem ainda causas não estruturais, como a diarreia persistente, que pode ocorrer devido à colite infecciosa, síndrome do intestino irritável, ou como efeito colateral de algum medicamento.

Além disso, algumas incapacidades físicas ou alterações neurológicas e sistêmicas como esclerose múltipla, diabetes e hipertireoidimo, além de idade avançada são fatores que podem favorecer o aparecimento da incontinência fecal.

Como tratar

A boa notícia é que temos tratamentos! Existem diversas opções, como suplementos, medicamentos, procedimentos fisioterápicos e cirurgias.

O primeiro passo é incluir mais fibras na alimentação para formação de um bolo fecal mais consistente, o que ajuda a manter uma evacuação mais regular e evitar diarréias.

Também podemos receitar medicações específicas e técnicas de fisioterapia, que incluem biofeedback e eletroestimulação para trabalhar a musculatura local.

Os procedimentos cirúrgicos são indicados para casos mais graves, quando os escapes são diários e há muito impacto na qualidade de vida. Existem, inclusive, procedimentos minimamente invasivos.

Um método que tem sido bastante usado é a neuromodulação sacral, que consiste no implante de um neuroestimulador na região sacral e glútea. Essa terapia permite estimular nervos que saem da medula, descem para a pelve e atuam na musculatura do assoalho pélvico, incluindo o esfíncter anal

Essa estimulação recupera circuitos nervosos perdidos ou danificados e permite ao paciente voltar a ter controle sobre o momento de ir ao banheiro. É uma técnica que vem sendo adotada em todo o mundo, com resultado satisfatório em mais de 70% dos casos.